Colunistas
Motociclismo e a sociedade
Ao iniciarmos esta última mensagem de 2012, naturalmente somos levados à lembrança de alguns dos diversos momentos, dentro do motociclismo, que passamos nesse ano que se finda. São recordações agradáveis dos encontros e eventos que não se resumem, apenas, aos “bate e volta” em cidades próximas ou nas longas viagens à outros estados ou países, mas também, são recordações das motociatas religiosas, movidas por muita emoção e fé, campanhas para doação de sangue e de medula óssea, alguns “0800”, além de ações filantrópicas, onde, passamos a conhecer novos lugares, novos amigos e histórias as quais transformamos em crônicas e repassamos aos amigos, através desse Site, como forma de dividir experiências vividas e momentos marcantes.
A cada final de ano fazemos uma retrospectiva de tudo realizado, os sonhos conquistados, as “vitórias” alcançadas, barreiras e obstáculos superados, mas também, somos levados à recordar momentos sem qualquer jubilo, mas, sempre na convicção de que, se não realizamos tudo aquilo que tínhamos programado ou sonhado conseguir foi porque faltaram oportunidades, possibilidades ou, quem sabe, não estávamos preparados para o que viria ou poderia acontecer.
Nesses últimos encontros frequentados, conversei com alguns amigos sobre suas realizações, suas conquistas durante 2012 e fui surpreendido com histórias e relatos sobre sonhos e objetivos pessoais felizmente concretizados.
Curiosamente, duas histórias me chamaram bastante a atenção independentemente das características diferenciadas se considerarmos as possibilidades financeiras distintas dos missivistas, mas que, não os fez diferentes no principal quesito que foi suas felicidade pela compra de suas motos.
O primeiro amigo, um empresário bem sucedido, narrou sobre a compra de uma potente máquina importada, de tantas cilindradas, “top de linha”, alta tecnologia, com um custo de alguns “zeros antes da vírgula dos centavos”, possibilitando-o cruzar os extremos de nosso país, adentrar em alguns vizinhos do MERCOSUL, transpor lagos transparentes, rodovias de rípio, travessia de cordilheiras e montanhas, tudo com a finalidade de conhecer lugares, pessoas, hábitos, culturas e costumes, numa viagem onde a presença daquela raridade de duas rodas, nos locais visitados, era motivo de fotos, comentários e, até, matéria jornalística em um simples semanário feito pelo povo Urus do Lago Titicaca, entre o Peru e a Bolívia.
Já o outro amigo, um pouco menos favorecido pelas circunstâncias do dia-a-dia, contou sobre o momento em que conseguiu sair de uma concessionária, com sua máquina bem mais simples, de poucas cilindradas, com custo bem modesto e marcado por certo sacrifício, sem grandes tecnologias, fabricada no nosso país, sem a pretensão de querer rodar por tantas horas e em grandes estradas, mas já com um objetivo quase que exclusivo de que seria utilizada para a complementação de sua renda mensal através do transporte de encomendas, remédios, guloseimas, etc.., mas que, apesar da fragilidade de seu motor monocilíndrico, ainda seria protagonista de uma sonhada viagem de visita há alguns parentes mais distantes, no nordeste do país onde, durante o percurso não veria tais montanhas e lagos, mas sim, estradas de chão, pequenos açudes formados por uma água barrenta utilizada para sobrevivência familiar e dos animais, mas que, aquela sua “motoca”, certamente, também seria tão admirada por seu povo devido a conquista da distância superada e da surpresa causada.
Ambas as histórias, com aspectos tão diferenciados e surpresas diversificadas, em nada difere quando olhamos pelo lado da alegria sentida pelos dois independentemente de suas diferenças financeiras, e é isso que essas fantásticas máquinas nos permitem, ou seja, somos iguais em nossas felicidades.
Por fim, ao encerrar esta crônica, e com a emoção mais aflorada, não poderíamos deixar de lembrar aqueles que, por um descuido, uma falha mecânica, a irresponsabilidade de terceiros, uma fatalidade ou o próprio destino, fizeram aumentar as estatísticas de acidentes motociclísticos e, consequentemente, trazendo a tristeza por suas despedidas precoces desta vida terrena. Quem de nós não teve essa desagradável surpresa durante o ano que se finda? Porém, não quero citar nomes ou circunstâncias para evitar a dor da saudade fazendo voltar às lembranças dos momentos de convívio em nosso meio, mas, na certeza de que estão juntos ao nosso DEUS maior.
Amigos motociclistas;
Que o grande Arquiteto do universo, nesse novo ano que se iniciará, nos traga muita saúde, muita paz, felicidade, alegria e um grande companheirismo na utilização dessas fantásticas máquinas de duas ou três rodas. Que as diferenças naturais existentes entre nosso irmãos sejam, apenas, evidenciadas na cilindrada de suas máquinas, no “ronco” de seus motores, na cor ou nos acessórios utilizados, mas que, a igualdade nos papéis e objetivos sejam comuns como deve ser o nosso “Espírito Motociclista”, espírito esse tão evidenciado naquele que, nada tinha de valor, de esperança ou de vaidades além de uma pequena Mobilete doada e mantida por seus amigos, mas que, superava os obstáculos e dificuldades da vida para estar em alguns dos eventos frequentados por nós. Uma singela homenagem ao nosso amigo “FEINHO” que nos deixou mês passado.
Feliz Natal, Boas Estradas e, agente se vê por aí.
Cel Dario Cony e equipe do Site MOTOTOUR
Todos os Direitos Reservados