Colunistas
Motociclismo e sociedade
Quando iniciei a minha trajetória como motociclista, nos idos de 1972, o motociclismo era algo somente permitido aos homens, não se via em lugar nenhum, mulheres pilotando motocicletas. E mais, ver mulheres em garupas de motocicletas, era também algo muito raro. Isso era provocado, porque os pais e irmãos da época não permitiam, de maneira alguma, que suas filhas ou irmãs subissem em motos. As poucas que se aventuravam, eram tachadas com adjetivos, que me recuso a escrever, mas posso lhes garantir que não eram adjetivos elogiosos.
Mas havia algumas meninas valentes que, rebelavam-se contra essas determinações, no meu modo de ver absurdas, e em desobediência aos pais e irmãos, subiam sim, nas garupas dos seus namorados e iam a luta. Inclusive já escrevi a pouco tempo uma crônica intitulada: “AS PRINCESAS MODERNAS “ que falava sobre esse tema.
Essa rebeldia deu frutos, pois em meados de 1980, já se tornava bem comum e normal vermos um número grande de mulheres em garupas de motocicletas.
Nos idos dos anos 1990, iniciou-se outro processo bem interessante, as mulheres já não se conformavam em serem apenas garupas, elas começaram pular das garupas para os guidons. Foi muito bonito e agradável ver as lindas meninas pelas ruas pilotando suas máquinas. Eu achei bem legal.
Entretanto, elas pilotavam motos pequenas, as famosas e inesquecíveis ”cinquentinhas”. No máximo uma ou outra pilotava no máximo as cento e vinte e cinco. E raramente se via elas nas rodovias, em sua grande maioria pilotavam somente no trânsito urbano.
Hoje, está em andamento um processo muito interessante. As mulheres estão aumentando o tamanho de suas motos, e rodando muito pelas rodovias. É muito bonito ver as meninas tocando com firmeza e segurança motocicletas pesadas e de alta cilindrada. Mas ainda são poucas.
Essa semana eu estava em uma oficina de motos, quando chegaram duas moças pilotando suas máquinas, sendo que uma delas estava com uma pesada “Custom”. Começamos a conversar, e percebi que, apesar das duas estarem com suas motocicletas, elas estavam um pouco perdidas, ou seja, não sabiam se estavam com as motos corretas para o seu tamanho e força. Uma delas estava com uma moto muito alta para a sua estatura, percebia-se claramente que nas manobras ela ficava na ponta dos pés, e a outra além de estar também na ponta dos pés a sua moto era pesada tornando sua manobras também muito complicadas. Uma situação muito insegura, pois tanto para mulheres, quanto para os homens, a motocicleta, por questões de conforto e segurança, devem adquirir motos compatíveis com sua estatura e força.
Mas para as mulheres, no meu modo de ver, essa escolha deve ser mais apurada, até em função da menor força física que elas possuem. Percebi também que elas, até aquele dia, não haviam recebido qualquer orientação de homens motociclistas que as ajudasse na escolha de suas motos, entendi, que por esse motivo adquiriram motos não compatíveis com as mesmas.
Conversei bastante com as meninas, passei algumas informações, e elas ficaram muito agradecidas. Inclusive, já se comprometeram a trocar suas motos, em função das dicas que eu passei.
As mulheres têm capacidade de pilotar várias motocicletas pesadas e de alta cilindrada, mas o cuidado maior que elas devem ter é com a altura da moto, pois se elas conseguirem plantar os dois pés inteiros no chão, isso compensará a menor força física que possuem.
Percebo que em pleno século XXI, ainda existem motociclistas homens que não valorizam as mulheres que gostam de pilotar motos. Eu entendo que cabe a nós, ajudarmos e orientarmos as meninas que desejam se tornar motociclistas. Hoje a motocicleta não é exclusividade dos homens.
Eu conheço diversas mulheres que pilotam motocicletas grandes com muita segurança e habilidade. Vamos incentivar as mulheres a adotarem o motociclismo como hobby, ou até como meio de transporte regular. Precisamos ter um maior número de mulheres motociclistas, para embelezar o trânsito, florir as rodovias, bem como adocicar o nosso amado hobby.
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