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Motociclismo e a Sociedade

Atualmente adquirir motos é um ótimo investimento


04/03/2022 12h55

No final dos anos 60 e início dos anos 70, comprar motocicletas novas no Brasil era quase impossível, pois as importações não eram autorizadas e as motos a venda eram muito antigas e mal tratadas. A solução era adquirir em leilões, motocicletas em péssimo estado e sem uso do Exército da Marinha e da Aeronáutica, ou seja, as pessoas que desejavam se tornar motociclistas não tinham muitas opções, além do que só haviam motos europeias, tais como a Norton, Java, Matchless, etc. As sucatas das forças armadas, eram em geral Harley Davidson.

Como já citei por aqui algumas vezes eu me iniciei no mundo motociclístico no ano de 1972, e dei muita sorte, pois exatamente naquele ano o governo da época permitiu que algumas firmas importassem motocicletas, e foi assim que pude adquirir minha Honda CB 350, zero km.

Daí para a frente foi ficando mais fácil adquirir motos, porque em 1970 a Yamaha montou sua fábrica no Brasil, e em 1974 sua primeira moto foi construída em nossas terras. Em 1976 a Honda também estabeleceu sua fábrica em Manaus. Entretanto, eram motos de baixa cilindrada. Na década de 80, a importação regular de motocicletas foi completamente liberada, e as fábricas já construíam algumas motos de médias e pequenas cilindradas.

Naquela época as motocicletas, em geral, eram adquiridas apenas para o lazer, passeios, e esportes e não como é hoje, em que grande parte das compras de motocicletas é voltada para o trabalho. Outro aspecto que chama atenção, é o fato que as motocicletas novas eram muito caras, fazendo com que o mercado das motos usadas fosse bem intenso, porque a desvalorização das motos novas era muito grande.

Outro aspecto a ser observado é que nas décadas de 70 e 80, motocicletas não eram no Brasil, objeto do desejo de muitas pessoas, elas eram vistas como veículos de pessoas rebeldes. Foi o surgimento, em primeiro plano dos Moto Clubes, inspirados nos modelos americanos, que iniciou no Brasil o maior interesse pelas duas rodas, e em segundo plano já nos anos 2000, que as motocicletas foram sendo utilizadas como veículos de trabalho, fazendo com que o nosso país seja atualmente um dos campeões mundiais de venda de motocicletas, e a prova disso é o estabelecimento de várias fábricas de motos no Brasil, e a cada ano que se passa, vamos batendo recordes de vendas. E assim o mercado das duas rodas no Brasil vem funcionando bem a duas décadas. A compra e venda de motos nunca foi baseada em especulação financeira, mas sim tendo como base o lazer, o esporte e como veículo de trabalho.

Mas esse ano (2021), ocorreu um fato que quebrou as regras do mercado de motos no Brasil, quero dizer que o preço das motos novas subiu tanto que, mesmo não sendo proposital, as pessoas que adquiriram motocicletas zero km no começo do ano e precisaram, ou quiseram vender suas motos recém adquiridas, ganharam uma boa grana. Esses ganhos foram provocados por alguns motivos, tais como: “ o aumento do dólar; as fábricas como um todo reajustaram os seus preços, e também em função do alto preço do combustível muitas pessoas que necessitam de veículo para se locomoverem diariamente, estão migrando do automóvel para a moto, pois o consumo de combustível das motos é bem menor que o dos carros”. Com isso o preço das motocicletas usadas também cresceu bastante.

Não sei se essa transformação do mercado trará vantagens para nós motociclistas. Eu creio que não, pois a maior massa de motociclistas brasileiros, não são pessoas abastadas financeiramente, com possibilidade de adquirir com facilidade motocicletas novas. Como também não tenho como saber se essa tendência de alta vai se manter. O tempo dirá.

Se é que eu posso dar algum conselho ou sugestão aos meus queridos Irmãos motociclistas de verdade, que amam sua motos, não se desfaçam das mesmas, com o intuito de ganhar alguma grana, pois pode acontecer de não conseguirem comprar outra máquina que os façam felizes.

Sonivaldo Vieira Leite
36 textos publicados

70 anos, Casado, Pai de 5 filhos, Engenheiro de Vôo Aposentado, trabalhou na Varig por 39 anos, Motociclista desde 1.972 ininterruptamente. Atualmente possue uma Road Glide Special 2019, Fat Boy 2017 e uma Rocker 2011.

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