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Pôr do Sol, hora de parar.

Motociclismo e a sociedade

Deus escreve certo... Por linhas certas.


29/10/2012 10h53

Tenho ouvido muitos amigos reclamarem de fatos ocorridos em suas viagens e que causam transtornos em suas programações ou no planejamento dos passeios.

Por vezes ouço amigos se queixando de que um pneu esvaziou, uma chuva forte caiu, a estrada estava esburacada, um desvio com PARE e SIGA atrasou a chegada ao destino, etc.., dentre outros fatores que causam desagrado àqueles que gostam, como eu, pegar as estradas pelo simples prazer de passar por lugares distantes, esticar por retas intermináveis, observar os “tabuleiros coloridos” formados por plantações com cores distintas, observar a fauna da região através de um voo de casais de Araras, Papagaios e Tucanos e, até mesmo, a beleza natural de uma grande jiboia atravessando uma rodovia e causando a interrupção do trânsito pela consciência natural dos motoristas que evitaram a morte daquele belo espécime da natureza, sem contar, ainda, com as curiosidades e hábitos do dia-a-dia dos moradores desses locais tão distantes das grandes cidades e que vivem felizes apesar de suas dificuldades.

Voltando às insatisfações por fatos havidos e, longe de parecermos conformistas com tudo que ocorre, ainda acredito que esses alertas, ou desacertos, ainda são avisos do Supremo Criador para que venhamos a entender que nada acontece por acaso. O antigo ditado que diz: Deus escreve certo por linhas tortas, na verdade, significa que ele escreve certo e por linhas certas, apesar de que, para nós, elas pareçam tortas.

Nesse meu último retorno de Bonito, Mato Grosso do Sul, por três vezes fui testemunha dessa premissa, quer pelo destino, quer através de irmãos caminhoneiros, frentistas, ou simples amigos surgidos nas paradas obrigatórias para reabastecimento, com alertas sobre as possibilidades de problemas em meu percurso.

O primeiro alerta foi pelo destino quando, involuntariamente, errei um dos percursos entre Nioaque/MS e Três Lagoas/MS com passagem por Campo Grande, o que causou um aumento de 72 km até Água Clara, cidade anterior a Três Lagoas onde pernoitaria.

Com esse aumento do percurso o entardecer chegou quando, ainda, faltavam 210 km até Três Lagoas, o que me obrigaria a pegar a rodovia (BR 262) no meio da noite. Já em Água Clara fui alertado, por um caminhoneiro, de que eu não deveria passar por aquela rodovia a noite, pois estava cheia de buracos, pedaços de pneus de caminhões e sem acostamento, o que seria passível de um acidente.

Meu feliz erro obrigou-me a dormir em Água Clara e, no dia seguinte pude observar, de forma bem clara o risco que teria corrido se passasse por aquele trecho durante a noite.

Já há 230 km de Campinas/SP, um segundo aviso. Num Posto de Combustível, um frentista me alertara para a possibilidade chuva forte pros lados de Campinas, sugerindo que eu pegasse a Rodovia Anhangüera e a Rodovia D. Pedro, com sentido à Jacareí, na qual já sairia na Presidente Dutra. Assim fiz e, chegando a Jacareí, fui informado de um acidente, com uma carga corrosiva, que interrompera a rodovia que eu iria pegar, e com desvio por duas ou três cidades até Campinas, ou seja, o alerta do frentista foi bom.

Por fim, ao abastecer em Jacareí, tudo nesse último domingo, observei a indicação de uma grande tempestade na direção do Rio de Janeiro.

Por ter andado 1.100 km e faltando 339 km para o Rio, julguei que, colocando a capa de chuva daria para chegar ao destino. Foi quando a Negona II apresentou um pequeno problema que, até, possibilitaria seguir viajem (não sei o quanto) através de uma velocidade bem reduzida a qual seria muito desgastante devido ao avançado horário da noite e o cansaço dos quilômetros já rodados. Paralelo a essa possibilidade surgiu, ainda, a dica por parte de um caminhoneiro, em Taubaté que, observando o problema da moto aconselhou-me a ficar num hotel e resolver o problema no dia seguinte.

Sendo assim pernoitei em Taubaté e, durante meu descanso concluí que DEUS realmente sabe falar com a gente, mesmo que seja através de um conselho, um sinal ou num simples problema mecânico surgido nas nossas inseparáveis máquinas de duas ou três rodas.

Amigos motociclistas, devemos ter sempre em mente que existem as fatalidades as quais surgem do inesperado, mas, também devemos ter a consciência de que podemos ser os responsáveis por provocá-las.

Acima de tudo, e de todos, existe o nosso Grande Criador Supremo, independentemente de nossa convicção religiosa, e que não nos abandona nunca, mesmo que escrevendo por Linhas Tortas. Dessa forma ele sabe como nos orientar em nossas decisões sempre respeitando nosso livre arbítrio, nossa opinião e nosso desejo. Ouvir a voz do destino ou mesmo os sinais divinos é sempre uma forma de estarmos cônscios de que nossa vida é repleta de sabedoria, de prazer e de alegria, desde que saibamos entender de que, para DEUS, o difícil ele resolve logo, e o impossível só demora um pouco mais, mas ele resolve.

Boas estradas.

Cel Dario Cony
30 textos publicados

Coronel da PMERJ, já aposentado. Motociclista Brevetado, com o CFoMES - Curso de Formação de Motociclistas Escoltas e Segurança, concluído em 1979 na Instituição. Como Capitão, foi Coordenador de diversos desses Cursos no Batalhão de Polícia de Choque (BPChq). Motociclista desde os 21 anos, é casado com Nádia Cony, e Presidente do Family Cony's Motocycle Group, RJ. Como experiente motociclista, é possuidor do Patch de 125.000 Milhas do HOG ( HARLEY OWNERS GROUP). Sua paixão são as estradas, as quais, curte com a sua conhecida " Negona III", uma Harley Davidson, Street Glide / Preta e Dourada, 2016. Seu sonho: Conscientizar os irmãos motociclistas que: " A Motocicleta é um meio de curtir a vida, e não, um objeto para buscar a morte".

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