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Parte do Grupo Os Malvadões

Motociclismo e amizade

Nem Tão Malvadões!!!


04/04/2014 11h37

Há pouco mais de 30 anos, quando ouvíamos alguém falar: “Hoje eu vi um grupo de motoqueiros”, involuntariamente vinculávamos aquela frase a uma imagem de sujeitos cabeludos, tatuados, bigodes e barbas grandes, com suas motos barulhentas, casacos de couro pretos e “surrados”, botas, calças e luvas curtidas pelo sol, chuva e poeira, e que, por mais que tentássemos separar, aquele grupo, de possíveis atos de violência e vandalismo, sempre olhávamos com certo receio de que, ou estavam indo arrumar confusão ou haviam acabado de arrumá-la.

Claro que tal estigma era influenciado pelo que se assistia nas telas dos cinemas onde, desde a época dos filmes de “bang-bang”, assistíamos a chegada, naquelas cidades pacatas do oeste americano, de “gangs”, montadas em seus corcéis, e caracterizados pelo uso do chapéu de cowboy, lenços nos rostos, roupas igualmente empoeiradas e que, o maior barulho que se ouvia, além da gritaria e correria dos moradores, era o produzido pelas ferraduras dos cascos daqueles imponentes “Quartos de Milha” galopando, seguidos de disparos, para o alto, vindo de seus cromados revolveres “Colt 45”, apelidado ironicamente de Peacemaker (fazedor de Paz), ou das assustadoras “Winchester 44” que, com seu estrondo assustador, fazia encolher qualquer pescoço assustado que procurava um abrigo seguro.

Mas os tempos mudaram. O cavalo foi substituído pelas motos, o barulho produzido pelos cascos mudou para o ronco dos escapamentos, o chapéu pelos capacetes, os lenços pelas bandanas e balaclavas e, finalmente, os arruaceiros passaram a entender que Leis são para serem cumpridas.

A partir daí, apenas alguns poucos grupos passaram a ser vistos, não como referência na habilidade de conduzir uma motocicleta, mas sim, como bandidos, traficantes de drogas, marginais que, aos poucos foram ocupando as penitenciárias americanas.

Hoje, esses mesmos estigmatizados motoqueiros são alijados pela sociedade por não se enquadrarem na nova filosofia de vida chamada Motociclismo.

Moto Clubes e Grupos surgiram, belos emblemas e escudos afixados em coletes de couro ou de jeans passaram a ser a única diferença das tribos, porém, todos com o mesmo objetivo, curtir a emoção das estradas, o vento no rosto, a fraternidade e solidariedade aos mais necessitados e cultuar aquela que nos leva, sempre, onde o amigo está, a MOTOCICLETA.

E foi essa mesma motocicleta que fez surgir um novo Grupo. Um grupo bem diferente daqueles escudados, com jovens motociclistas ávidos pelas estradas, pela próxima curva, pelas aventuras dos encontros e eventos com bandas de rock, caveiras, tatuagens e, principalmente, longe de qualquer grande emoção nova senão apenas, todas as sextas-feiras, sentar num bom restaurante para almoçar um belo Menu Executivo, tendo como entrada, um “brochette de mini lula” ou um “carpaccio de carne como molho mustarda”. Como principal, um “Filet de Saint Peter com legumes ao vapor” ou um bom “ Picadinho de carne com farofa, arroz, feijão, batatas noisettes e ovo”.

De sobremesa (se ainda der para comer), “Mil Folhas Holandaise”, tudo isso regado por um bom suco de abacaxi / tomate, com hortelã ou um refrigerante. Ao final do almoço aquele bate-papo na confortável área externa, degustando um autêntico Cohiba e, naturalmente, apreciando aquelas maravilhosas máquinas ordeiramente estacionadas na frent e do restaurante.

No entanto, as grandes características desse grupo, além de amantes de um motociclismo estradeiro Multi-marca e fãs da Harley Davidson, é que possuem mais de 40 anos de idade (muitos já aposentados), a grande maioria com cabelos brancos e alguns carecas por destino, com muitas histórias (verdadeiras ou não) pra contar, e principalmente viver a vida com o verdadeiro sentido da frase “Ter e ser amigo”.

Com quase três anos de existência e mais de 50 integrantes, o agora conhecido grupo “OS MALVADÕES”, (só no nome mesmo), tem como Presidente de Honra, um “jovem” empresário bem sucedido, motociclista estradeiro atuante, com 76 anos de idade, que sempre diz: “Na minha idade, o mais importante não é Ter a moto, mas sim Vê-la e admirá-la”, Dr. Feliciano Penna.

Sem mensalidades, sem regulamentos repressores, sem estatutos restritivos, esse Grupo de “Jovens motociclistas experientes” tem como lema a filosófica frase de Zeca Pagodinho: “Deixe a vida me levar”, acrescida da assertiva do Presidente Executivo, Odilon Lacerda, “Onde os amigos, a nossa disposição, e a motocicleta, puderem chegar”.

Boas estradas.

Cel Dario Cony
30 textos publicados

Coronel da PMERJ, já aposentado. Motociclista Brevetado, com o CFoMES - Curso de Formação de Motociclistas Escoltas e Segurança, concluído em 1979 na Instituição. Como Capitão, foi Coordenador de diversos desses Cursos no Batalhão de Polícia de Choque (BPChq). Motociclista desde os 21 anos, é casado com Nádia Cony, e Presidente do Family Cony's Motocycle Group, RJ. Como experiente motociclista, é possuidor do Patch de 125.000 Milhas do HOG ( HARLEY OWNERS GROUP). Sua paixão são as estradas, as quais, curte com a sua conhecida " Negona III", uma Harley Davidson, Street Glide / Preta e Dourada, 2016. Seu sonho: Conscientizar os irmãos motociclistas que: " A Motocicleta é um meio de curtir a vida, e não, um objeto para buscar a morte".

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