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Motociclismo e a Sociedade

Os pós vendas, e o Desrespeito aos consumidores

Algum tipo de problema de manutenção e a concessionária informa ao mesmo que devera esperar algo em torno de trinta dias para a chegada da peça quebrada que criou o problema.


10/08/2016 17h35

Nós brasileiros, assistimos de camarote na última década a forte invasão de diversas montadoras de motocicletas em nosso país, em especial algumas gigantes americanas e europeias, pois as japonesas já estão por aqui desde a década de 70.

Com isso ficamos felizes por termos a opção de adquirirmos alguns ícones de duas rodas, sem a necessidade da burocrática e difícil importação que imperava antes disso.

Entretanto, adquirimos um novo problema, que vem aborrecendo diversos motociclistas que investiram uma boa grana em seu sonho de consumo, mas que não tem conseguido curtir a pleno o seu brinquedo, pois quando o mesmo dá algum tipo de problema de manutenção e a concessionária informa ao mesmo que devera esperar algo em torno de trinta dias para a chegada da peça quebrada que criou o problema. E que bom se fosse realmente apenas os trinta dias combinado.

Se fossem casos isolados, não haveria problema, no entanto, tenho observado que o número de motociclistas que estão com as suas motos paradas por falta de peça de reposição está numa espiral crescente. A cada encontro ou reunião de motociclistas que vou escuto várias histórias dessa natureza.

Tenho pleno entendimento que mesmo para as montadoras de veículos nacionais é complicado, por que não dizer impossível, manter um estoque com 100% de todas as peças e acessórios, principalmente de peças que não dão problemas com facilidade, e não é isso que estamos aqui postulando. O que desejamos é que tenhamos o mesmo tratamento pós venda que os consumidores americanos e europeus possuem dos mesmos produtos que temos por aqui.

O que quero dizer é o seguinte: “Quando morei nos Estados Unidos da América e mesmo na Europa, em algumas vezes precisei de alguma peça para a minha moto e mesmo não havendo a mesma em estoque para pronta entrega, em no máximo 72 horas a mesma estava nas mãos da concessionária para o conserto”.

Aqui no nosso país existem casos que as motos estão paradas, pasmem, a três meses por falta de alguma peça que não chega nunca.

Então qual a vantagem que tivemos quando governo brasileiro permitiu a entrada no país dessas montadoras? A maioria em Manaus, que está a 03:30 horas de avião dos grandes centros, se elas não possuem algumas peças vitais para atender as necessidades de seus clientes. E mesmo que a peça tenha que vir do exterior, hoje com os aviões e voos diários vindos dos Estados Unidos da América e Europa com destino ao Brasil, não consigo entender o porquê esses fatos continuam acontecendo.

Não conheço o processo regulatório que as empresas internacionais devem cumprir para montar e vender os seus produtos no Brasil, mas entendo que deveria constar na autorização a obrigatoriedade de aquelas empresas apresentarem em sua pretensão de se instalarem por aqui, o plano, ou melhor, o compromisso de declarar o prazo máximo para a reposição de peças de manutenção, inclusive constando as punições para elas, e as vantagens para o consumidor que não for atendido dentro do prazo acordado.

A verdade é que só no meu círculo bem próximo de amizades, possuo três amigos que estão com suas motocicletas já completando hoje sessenta dias paradas, por falta de peças para o conserto das mesmas.

Tenho um colega motociclista que me declarou que já espera a seis meses uma buzina original para a sua motocicleta, ainda bem que buzina não impede o mesmo utilizar sua moto, e para quebrar o galho ele instalou uma nacional. Mas convenhamos seis meses para receber uma buzina que venha ali dos Estados Unidos da América, ao meu ver, é um pouco demais, ou no mínimo estranho, até porque a moto está na garantia.

A verdade é que as montadoras continuam se locupletando de grana, o governo brasileiro recebendo algo em torno de 40% de impostos por cada motocicleta vendida, e nós incautos e inocentes consumidores, observamos nosso direitos serem desrespeitados tranquilos como cordeirinhos.

Sonivaldo Vieira Leite
36 textos publicados

70 anos, Casado, Pai de 5 filhos, Engenheiro de Vôo Aposentado, trabalhou na Varig por 39 anos, Motociclista desde 1.972 ininterruptamente. Atualmente possue uma Road Glide Special 2019, Fat Boy 2017 e uma Rocker 2011.

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