Colunistas

Motociclismo e a sociedade

Um Amor, uma distância.


03/10/2012 17h47

Em meus textos tenho procurado narrar fatos e experiências ouvidas e vividas, dar opiniões, falar de pessoas, lugares e tudo aquilo que envolve o binômio Motociclismo/Paixão como um símbolo de amizade e amor a essa filosofia de vida.

Durante um encontro com amigos num desses eventos, falava eu desse binômio, referindo-me a algumas histórias interessantes que ouço pelas estradas e transfiro para as palavras em meus textos quando, surpreendentemente, um grande amigo presente, motociclista estradeiro, já de meia idade, com alguns cabelos grisalhos, empresário do ramo imobiliário, experiente condutor e assíduo leitor de nossas crônicas, sugere que a esse binômio fosse acrescentado a palavra “mulher”.

Sem entender muito o porquê daquela sugestão, até julgando que seria para falar de grandes mulheres motociclistas de nosso meio, o indaguei sobre qual seria o objetivo de acrescentar a palavra “mulher” a qual formaríamos, agora, o trinômio “Motociclismo/Paixão/Mulher”, não necessariamente nessa ordem de importância, é claro.

Ele, alegando que gostaria de ler histórias românticas ou possíveis grandes amores surgidos nesses eventos, deixou-me desconfiado de que, seu objetivo era conseguir um ombro amigo que pudesse escutar um desabafo pela saudade de um grande amor surgido, mas que havia sido correspondido, apenas, por alguns dias durante um evento motociclistico havido no interior de Goiás.

Sem perder tempo na procura de lindas histórias de amor que falasse do tema “Um Amor, uma Distância”, pedi que ele contasse como foi e quem seria aquele grande amor a ser registrado nos anais do motociclismo através dessa escrita e que passaria a ser de conhecimento de todos.

Depois de alguns goles do Jack Daniel’s, nosso amigo, conhecido por Junior, convidou-me a sentar num bar onde estávamos e, como se estivesse interpretando Shakespeare, passou a descrever, com riqueza de detalhes, a tal musa merecedora de tanta paixão.

Era uma bela mulher, de nome Mariza, morena, cabelos negros e curtos, com uma calça jeans que marcava sua silhueta, botas pretas, uma linda jaqueta de couro azulada, olhos amendoados, um cachecol estampado ao pescoço que a protegia do frio, com aproximadamente 1.70 de altura, corpo escultural, com um sotaque arrastado que a identificava como sendo uma candanga nascida e criada no Centro Oeste, com seus 42 anos de idade, divorciada e mãe de uma linda menina de 14 anos.

Aquela beleza toda havia despertado a atenção de nosso amigo exatamente quando ambos estavam próximos e de frente para o palco, e ouviam a apresentação de um cover do rei do rock quando interpretava a música Love me Tenders.

Uma rápida troca de olhares foi o suficiente para que ambas as respirações ficassem nitidamente alteradas.

Como um adolescente no primeiro encontro, Junior aproximou-se daquela que seria a grande protagonista dessa Love Story e, ao término da música interpretada, nosso “Romeu de Colete”, mesmo antes de uma identificação formal, falou sobre aquele mito do Rock in Roll imitado, suas apresentações, músicas marcantes e seu estilo inconfundível.

Com isso, e por despertar a atenção de sua pretendente, sentiu que naquele momento iniciava-se a tão desejada conquista.

Eu, sem querer saber de detalhes de como terminou a noite junto àquela companhia ou como teria sido seus dias subsequentes, perguntei-lhe finalmente, o que havia acontecido para que aquela paixão avassaladora (palavra usada por ele) parecesse ter sucumbido e que justificasse tamanha tristeza e aquele coração partido pela saudade?

Aí veio o grande motivo.

Aquela linda mulher, elegante, simpática, extremamente educada e de uma cultura irrepreensível, era uma Diplomata brasileira, em atividade na França, onde morava e trabalhava.

Estava de férias, visitando seus parentes em sua cidade natal, Goiás Velho, e que aproveitara para curtir aquele evento de motociclistas, tão atípico em suas atividades diplomáticas, e desfrutar da oportunidade única de ouvir melodias de uma época romântica que a levaria aos suspiros e sonhos, já que, aquele era seu último final de semana no Brasil de onde partiria no inicio da semana e sem previsão de retorno pelos próximos quatro anos.

Em sua despedida, já no aeroporto de Brasília, ainda pode ouvir que, aquele pobre coração aventureiro, que ficaria no Brasil, estaria por sua espera pelo tempo que fosse necessário.

Por fim, este era o grande motivo da sugestão inicial para o trinômio, ou seja, falar de uma mulher, de uma paixão, de um grande amor que foi afastado pela distância e pelas circunstâncias, mas esperançoso de um reencontro futuro e com um final feliz.

Amigos motociclistas.

Devemos aproveitar, ao máximo, todos os momentos que a vida nos proporciona, pois, serão desses momentos e através da lembrança do que fizemos, que poderemos dizer que passamos por essa vida, fomos e fizemos pessoas felizes, sejam grandes amigos ou grandes amores inesquecíveis.

Boas estradas.

Cel Dario Cony
30 textos publicados

Coronel da PMERJ, já aposentado. Motociclista Brevetado, com o CFoMES - Curso de Formação de Motociclistas Escoltas e Segurança, concluído em 1979 na Instituição. Como Capitão, foi Coordenador de diversos desses Cursos no Batalhão de Polícia de Choque (BPChq). Motociclista desde os 21 anos, é casado com Nádia Cony, e Presidente do Family Cony's Motocycle Group, RJ. Como experiente motociclista, é possuidor do Patch de 125.000 Milhas do HOG ( HARLEY OWNERS GROUP). Sua paixão são as estradas, as quais, curte com a sua conhecida " Negona III", uma Harley Davidson, Street Glide / Preta e Dourada, 2016. Seu sonho: Conscientizar os irmãos motociclistas que: " A Motocicleta é um meio de curtir a vida, e não, um objeto para buscar a morte".

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