Colunistas

Motociclismo e sociedade

Um Roubo, uma realidade, um agradecimento.


22/08/2014 10h59

Tenho conversado muito com amigos motociclistas sobre essa “praga” chamada Roubo de Motocicletas. Por minha profissão, estive sempre próximo a esse tipo de ocorrência policial, naturalmente depois de ocorrido, quando ouvia relatos sobre aquele momento de muita tensão e medo, tanto para quem foi uma vítima, quanto para quem foi, apenas, uma testemunha ocular dessas ações.

Pela primeira vez, agora longe de minha atividade profissional por aposentadoria, fui contemplado, não como vítima, mas, como “platéia” de um desses ocorridos.

Semana passada, quando em deslocamento em minha motocicleta, pela Avenida das Américas, Barra da Tijuca, Rio de janeiro, observei que estava quase que sendo “comboiado” por um jovem motociclista, sozinho, em uma dessas esportivas japonesas.

Por três vezes estivemos lado-a-lado nas paradas de sinais ao longo daquela movimentada via na qual, durante o percurso, chegamos a trocar de posição por algumas vezes motivados pela oportunidade de uma ultrapassagem ou pela necessidade de se esticar, um pouco mais, para garantir o próximo sinal ainda aberto.

E assim foi por cerca de dez quilômetros aproximadamente, tudo isso no início de uma tarde ensolarada e em pleno expediente comercial.

Em determinado ponto, vejo um dos sinais em amarelo (atenção), o que me obriga a ir reduzindo a velocidade até a parada total na qual me posicionei em um corredor entre a primeira e segunda faixas de rolamento, próximo ao canteiro central. Aquele jovem já citado, vendo que eu já ocupava um dos corredores, desviou-se dos carros da faixa central e posicionou-se no outro corredor, entre os carros da segunda e terceira faixas onde lá, também esperava a travessia de pedestres e a abertura do sinal.

Repentinamente nossas atenções se voltaram para um ronco ensurdecedor, vindo do escapamento de uma Naked preta, ocupada por dois homens, ambos de capacete e que, com todo aquele barulho, nos davam a impressão que queriam avançar o sinal e que, por estarem no mesmo corredor daquela esportiva, obrigou-o a avançar um pouco sua moto liberando a passagem para os “apressados” ocupantes.

Subitamente, e após atravessarem a moto, que ocupavam, na frente da esportiva, desce da garupa o primeiro bandido que, com uma pistola Browning, 9mm, e em voz alta, anuncia o “assalto” usando as típicas palavras: Perdeu...perdeu.. desce da moto. Como estavam há pouco mais de quatro metros da minha moto, me foi possível assistir toda aquela covarde ação onde, diversos foram os pensamentos que tomaram minha mente como: tentar ver a placa da moto, tentar observar se a arma era de verdade, tentar gravar o rosto dos bandidos e, principalmente, passar uma tranquilidade (aparente), para não sofrer uma ação por parte dos marginais.

Ao término de toda a empreitada criminosa, aquele jovem, ainda perplexo, sem rumo e sem qualquer atitude senão a de esperar que a “ficha caísse”, retirou o capacete e confirmou sua suspeita de que, aqueles caras já o seguiam por alguns quilômetros, e ele, andando bem próximo a mim, tentava passar a impressão que estaria junto comigo, me conhecia e com isso dificultaria ser vítima de roubo de sua moto.

Porém, o que mais importava naquele momento é que, além de estra em pé, ele agradecia a DEUS por estar vivo. Meus amigos motociclistas.

Sempre digo que “DEUS escreve certo por linhas certas”, pois, logo após a fuga dos bandidos, um conhecido meu, que estava em um dos carros parados próximos, desceu do carro e, ainda muito nervoso por ter me reconhecido e por achar que eu poderia estar armado, disse que torceu muito para que eu não esboçasse qualquer reação, pois, a seu lado, um outro bandido, numa segunda moto e armado, dava “cobertura” aos parceiros e estava, exatamente, na minha retaguarda.

Tal sujeito só me possibilitou vê-lo quando o sinal abriu e ele me ultrapassou no momento em que eu orientava a vitima a ficar calmo e que subisse em minha moto para sairmos daquele local em segurança.

Com tudo isso aprendemos mais algumas lições, ou sejam: Nunca reaja durante um “assalto”, não encare o marginal, e sempre lembre-se de que, pode alguém estar dando cobertura para a ação criminosa.

Ainda bem que estou escrevendo essa crônica.

Boas estradas.

Cel Dario Cony
30 textos publicados

Coronel da PMERJ, já aposentado. Motociclista Brevetado, com o CFoMES - Curso de Formação de Motociclistas Escoltas e Segurança, concluído em 1979 na Instituição. Como Capitão, foi Coordenador de diversos desses Cursos no Batalhão de Polícia de Choque (BPChq). Motociclista desde os 21 anos, é casado com Nádia Cony, e Presidente do Family Cony's Motocycle Group, RJ. Como experiente motociclista, é possuidor do Patch de 125.000 Milhas do HOG ( HARLEY OWNERS GROUP). Sua paixão são as estradas, as quais, curte com a sua conhecida " Negona III", uma Harley Davidson, Street Glide / Preta e Dourada, 2016. Seu sonho: Conscientizar os irmãos motociclistas que: " A Motocicleta é um meio de curtir a vida, e não, um objeto para buscar a morte".

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