Vivendo e aprendendo

Nesse último domingo, quando parei minha moto numa farmácia a fim de comprar um relaxante muscular, fui agraciado com alguns momentos de reflexão e ensinamento após rápido bate-papo com um jovem Motoboy, que ali trabalhava. Ele, após receber e responder meu cumprimento de “boa tarde�, me surpreendeu com a seguinte afirmativa: “O meu amigo já andou na sua moto�.

Claro que de imediato fiquei meio assustado, sendo assim indaguei-o melhor perguntando: Na minha moto? Como assim? Aí ele acrescentou: “Quando ele andou na sua moto o Senhor andou na dele�.

A partir daquele momento tudo se esclareceu, pois, lembrei-me de que, numa determinada tarde, ao parar em um sinal fechado, próximo de casa e durante aqueles trinta e poucos segundos, um jovem motoboy, de uma farmácia concorrente a que eu estava, sabatinou-me sobre qual seria o modelo da minha moto, quantas cilindradas, a largura do pneu traseiro, sobre o filtro de ar que parecia uma turbina, o consumo e, finalmente, se a moto fora muito cara. Sem que eu tivesse tempo de responder a última pergunta, ele completou com o seguinte comentário: A moto é muito bonita e chama a atenção quando passa, mas o senhor mesmo, quando está pilotando, não consegue observá-la.

Diante de tal comentário, nunca antes analisado por mim, pedi que ele parasse mais à frente, pois, pensei em fazer-lhe uma surpresa. Após uma rápida apresentação pessoal, lhe fiz as seguintes perguntas: Você está indo na direção do Rio Centro(3 Kms de onde eu estava)? Você já teve a oportunidade de pilotar uma moto desse estilo? E por fim: Você gostaria de ter essa oportunidade enquanto eu o acompanharia na sua “125 cc�, devagar e com cuidado? Quase que emocionado, ele não pensou duas vezes e aceitou.

Após a troca, fomos na direção desejada e, é lógico, numa velocidade bem reduzida, até porque, a maior vontade daquele motoboy não era acelerar a moto, mas sim, ficar o maior tempo possível sendo observado por quem passava, para os quais sorria e acenava como se fosse um “político� que estava sendo reconhecido naquele momento.

Ao final do rápido passeio, e antes de nos despedirmos, fui mais uma vez surpreendido pela humildade e simplicidade do protagonista da nossa história quando, me solicitou a possibilidade de que eu o fotografasse, com seu celular, pois, sem o registro de uma foto os seus amigos jamais acreditariam na sua aventura.

Meus amigos e amigas; Com o episódio narrado, adquiri mais dois simples ensinamentos.

O primeiro, e quase lógico, é que quando andamos com nossas motos, ou triciclos, cheios de acessórios, enfeites ou peças com detalhes diferenciados, mesmo que os coloquemos por uma questão de segurança, ou vaidade pessoal normal e aceitável, estes só são observados por quem passa e não por nós mesmos, pois, ao pilotar nossas máquinas, temos mesmo é que prestar a atenção no trânsito, nos pedestres e não em nosso reflexo nos cromados.

O outro ensinamento, e mais filosófico, é que devemos sempre retirar nossas armaduras de demonstração de poder, de soberba, de superioridade pelo simples fato de estarmos montados numa bela motocicleta ou num potente triciclo, e sermos simpáticos, educados e sociáveis com as pessoas que nos cercam ou nos dirigem a palavra, até para que possamos ser reconhecidos nas “ruas da vida� por nossos comportamentos e atos de forma positiva e sociável.

Por derradeiro, isso não significa que você deverá sair por aí emprestando sua moto para parecer bonzinho e que ao final irá para o Céu, pois, quem sabe lá, o pretenso “simpático� poderá levar sua máquina e desaparecer na esperteza. Lembremos-nos do ditado: Nunca empreste os três “M�, Moto, Mulher e Merreca, pois, a Moto, o “Cara� pode te dar um prejuízo num acidente. A Mulher pode vir a gostar do “Cara�, lembrar da música do Rei e concluir que “O Cara é Ele� e não voltar. E a Merreca, o “Cara� não vai te pagar e ainda vai sair dizendo: Pô, amigo, vai me cobrar essa merreca?

Grande abraço.