Diário de Bordo

Internacional

Una viaje a la frontera


03/02/2012 21h09

Adventure-Paso Águas Negras e Jama 2009

Atravessando a Cordilheira dos Andes pelo Paso Águas Negras da Argentina para o Chile e com o Retorno do Chile para a Argentina pelo Paso de Jama.

3 Janeiro 2009- Saída de Porto Alegre a Taquarembó URG- 610 kms.

Com uma chuva intensa partimos pela manhã e rodamos com essa parceria por 300 kms. Após isso o tempo melhorou e passamos o restante da viagem sem algum problema, nem na fronteira Uruguaia onde não estão mais cobrando a Carta Verde nesse país. Chegamos no final de tarde em Tacuarembó (terra do saudoso Carlos Gardel),juntamente com um grupo de amigos de Porto Alegre que tinham ido para o início do Dakar em Buenos Aires. Foi o momento também que troquei de moto, minha Kawasaki 14 Concours por uma KTM 990 para fazer mais preparado o que mais gosto, o Rípio da Cordilheira dos Andes.

4 de Janeiro- Tacuarembó a Córdoba- 910 kms.

Conforme o planejado fizemos todo o percurso. Foram 910km em 11 horas..

O dia começou com uma temperatura muito agradável e até a fronteira tudo foi muito bem mesmo.

Chegando na fronteira de Paissandú-Colón, ficamos uma hora parado pois tinha muitos carros para passar, já que a fronteira de Fray bentos ainda está bloqueada devido a crise Argentina-Uruaguai pela fábrica de celulose. Quando fomos passar, tivemos um problema com a Carta Verde que foi feita e paga via internet no site da HDI e não tinha o carimbo nela. Não foi fácil, mas com paciência, conseguimos prosseguir.

A tarde o sol apertou e também sem vento. É uma região agrícola farta principalmente pelo cultivo de girassóis, mas com povoados muito tristes.

5 de Janeiro- Córdoba a San Juan- 610 kms

Saímos de Córdoba tarde, pois fomos trocar o pneu traseiro da moto do Jimi e com isso também foi trocado as pastilhas de freio traseiro de sua moto, depois disso, fomos para estrada. Primeiramente iríamos pegar a Ruta 20 que vai ao sul de córdoba, mas optamos por fazer ao Ruta 38 ao norte, com os primeiros 100 km terríveis por ser tratar de uma região populosa e tivemos que ficar no transito lento.

A partir daí, fomos subindo um platô e passando para o típico deserto argentino. Pessoal,40 "grados" na telha e como eu e o Jimi já temos pouco cabelo mesmo(risadas),foi quente, terrivelmente quente pessoal, compensados com muita água e filmagens na câmera acoplada na moto do Jimi que foi aperitivo para o que viria no outro dia, a subida na madruga para o Paso Águas Negras, nosso principal objetivo.

Há,como observação a outra cena maravilhosa vista nesse trajeto, foi dos Cavalos Selvagens por essa região. Incrível mesmo.

A chegada no final de tarde, ficamos em um hotel na entrada da cidade onde seria de fácil acesso para pegarmos a estrada no outro dia.

A noite, jantar num restaurante tradicional da cidade onde o garçom mais novo tinha 350 anos de idade.

6 de Janeiro- O PRICIPAL DIA- San Juan a La Serena-via ÁGUAS NEGRAS- 570 kms

Bem pessoal, sou uma pessoa que tenho já alguma experiência em Cordilheira dos Andes e os seus pasos, mas momentos mais maravilhosos passado por mim nesse dia, foram poucos. Estrada linda e perigosa que a cada quilômetro mostrava as suas diversidades.

Os 570 km desse dia foram percorridos em 10h30min, sendo que de Rípio de 155 km (estrada de chão aos que não conhecem) foram gastos 6hs para percorrer. Não só pela dificuldade da pista, mas também por pararmos para muitas fotos e filmagens.

Foram 180 km de San Juan até a fronteira da cidade de Las Flores onde se tem que entrar na cidade para o último abastecimento, após isso só há abastecimento em Vicuña (260km depois)já no território chileno.

Iniciamos o dia com 15 graus, mas no Paso mesmo a temperatura chegou no zero mesmo,embora haja a predominância do clima desértico,os montes estão próximos e devido haver muito gelo cria um clima mais úmido. O Rípio variando de compactado para alguns bolsões de pedras mais espalhadas, bem me lembrou muito ao da subida da cordilheira peruana que fizemos em 2006 pela estrada do pacífico que estão construindo entre o Brasil e o Peru. Tem que ter muito cuidado, pois há pontos perigosos por haver pedras soltas,pista pequena e com inclinação para fora e sem proteção. Aos que querem passar por lá, sempre recomendo que nessas travessias tenham muito mais atenção.

Os Glaciais.

Agora sei o porquê não se passa aqui por muitos meses. São vários trechos onde o gelo e a neve atravessa a pista por mais de 7 metros de altura e merece muito falar sobre algo que é um dos pontos máximos nessa travessia. Há também 2 lagos um na entrada e outra na saída da travessia.

Os 4780 metros do Paso Águas Negras.

Foi o ponto mais alto e frio do passeio, zero grau e com o efeito da altitude nos pegando. Tontura, Dor de ouvido,cansaço ao mínimo esforço. Faz parte de toda essa maravilha que o motociclismo nos proporciona.

Dia de Descanso. 7 de Janeiro, La Serena- 10 Kms e muitas caminhadas.

O 5º dia foi mesmo para descansar e, além disso, para poder atualizar as informações de imagens, filmagens, e-mails e também para aproveitar e ver por onde faríamos a nossa volta e foi definido, faríamos La Serena, Antofagasta, San Pedro de Atacama (via Paso de Jama), Salta, Corrrientes, Uruguaiana e por final Porto Alegre.

Descansando e aproveitando a maravilhosa gastronomia local com os seus exclusivos locos, assados de tiras, empanadas, palta reina e sushi, faltou dia para toda a comilança que fizemos por lá. Maravilha, prontos para a próxima etapa, a volta onde tínhamos um longo passo a dar, Antofagasta.

8 de Janeiro- La Serena a Antofagasta- 915 Kms

Saímos cedo para fazer nossa nova etapa, Antofagasta, sabendo que o dia seria longo e percurso também.

De primeira aconteceu algo que não esperávamos passar aqui nesse percurso, o FRIO, 8 graus pela manhã e com o andar das motos, tivemos que colocar toda a roupa de frio, que durou nos 600km restantes. Fora isso, foram retas distantes acompanhadas pelo litoral e pela cordilheira e com parada obrigatória na escultura chamada "La Mano Del Desierto" que fica uns 80 km antes de chegar a Antofagasta vindo pelo sul.

9 de Janeiro- Antofagasta a San Pedro de Atacama- 320 Kms

Saída do hotel cedinho para poder aproveitar e chegar cedo, pois haviam nos falado que a cidade poderia estar cheia e alojamento, fora alguns bons hotéis poderia ser problema.

Nesse trajeto fica a região das maiores minas de cobre do mundo. Quando se passa por ela fica a pergunta. Como será a cordilheira sem a proteção das montanhas? Bem pessoal, o clima da região tem mudado nesses últimos anos, onde frentes de ar vindo do oceano jamais tinham atingido essa região, o que tem acontecido ultimamente. Momento de reflexão.

Chegamos no início da tarde em San Pedro de Atacama com sua particularidade de Oasis nessa região e sua população alternativa dando o bem vindo. Alem da cidade estar com um bom movimento,o que me surpreendeu foi o número de motociclistas que estavam por lá. Só no nosso hotel tinha umas 40 motos. Italianos, Peruanos, Costa Riquenhos, Alemães e nós Brasileiros. Ficamos para algumas compras e jantamos cedo, pois no outro dia tinha o Paso de Jama e o grupo de italianos, que eram em 28, iam para o mesmo destino que nós no outro dia, a cidade de Salta, tínhamos que passar a fronteira antes deles, pois demoraria muito para passar, pois em Jama, o pessoal é meio demorado para liberar.

10 de Janeiro- San Pedro de Atacama a Salta- 595 Kms

Acordamos cedinho para ir fazer a fronteira antes dos Italianos que iriam também o que deixaria a fronteira do Paso de Jama um CAOS....na saída tivemos uma boa surpresa,conhecemos o Ricardo e seu filho em sua GS que tinham feito o percurso com a turma do ALEX para a saída do DAKAR em Buenos Aires nesse percurso seríamos 3 motos e 4 aventureiros.

Fizemos a Fronteira Chilena em San Pedro de Atacama e aqui quero relatar o fato que o Carabineiro Chileno que não queria carimbar o meu passaporte que já estava com o carimbo na entrada no Chile, dizendo que não precisava e eu tive que dar uma endurecida, pois posso ter problema outra vez que entrar por lá. Temos sempre que estar atento na hora de fazer as fronteira com a entrada e saída nossa e de nossas motos, mesmo na saída do Brasil, pois sei de casos onde por ficarem um tempo maior fora as motos não puderam entrar no país mesmo tendo os documentos(piada, só no Brasil para isso acontecer mesmo).

Saímos com 15 graus e logo nos primeiros 50 km de subida a temperatura caiu para 3 graus, mais tarde ZERO grau e com o vento da moto a sensação térmica certamente passava dos -5 graus. Bem nem digo o frio que passamos, mesmo com sol.

Recadinho aos que passam pelo Paso de Jama:Aos que pensam que o YPF está aberto na fronteira, esqueçam,só para março me disseram, mas ficará bom para acelerar sem precisar se preocupar com a autonomia. A gasolina ainda, só em Susques.

A parada no Salar grande é obrigatória por sua beleza, dando um aperitivo para os que querem um dia fazer o Salar de Uyuni na Bolívia e também para dar uma descansada no corpo, pois o que viria a seguir eram os famosos caracóis de Jujuy, não os de Santiago ok, e logo em seguida a ruta 9 que liga Jujuy a Salta com mais de 260 curvas em 50 km. Recomendo passar por essa serra pessoal. É bem perigosa,passa um carro só em alguns trechos mas com atenção e responsabilidade tenho a certeza que nunca esquecerão. Chegada em Salta tranqüila e nesse dia decidimos que iríamos antecipar a viagem em um dia, o que seria mais um desafio para nós. Fazer o Chaco e ter que ir dormir em Uruguaiana, já no Brasil.

11 de Janeiro- Salta a Uruguaiana- 1210 kms

Foi o dia mais rodado por nós, saímos cedo da manhã pois sabíamos que se o tempo fosse favorável a nós, poderíamos chegar nessa meta que foi planejada a realizar.

Dia que não poderia imaginar. Ao sair, lua cheia se pondo,no final do dia,ela estaria nascendo para mim e o sol que ao sair estava nascendo e no final do dia,ele se pondo para mim. Sensacional.

O objetivo de sair cedo também foi para não pegar o Deserto do Chaco muito tarde,pois sabíamos que o sol por lá não é fácil. Os quase 600km em que foi atravessado, foram muito bons, pois já peguei o Chaco com rípio,com vento,areia e calor se bem que dessa vez foi muito maravilhoso, o tempo limpo, sem vento mas com o calor nos pegando nos 300km finais. Chaco é o Chaco, dessa vez foram 42 graus. Os animais que sempre são uma dificuldade nesse trajeto,foram amistosos conosco dessa vez, apenas 2 vezes quase fomos atropelados por porcos e outras por cavalos, cabras e aves.

Na chegada do final do Chaco em Corrientes, nossos parceiros desde San Pedro de Atacama se despediram, pois iriam pegar outro caminho para irem para casa, foi uma ótima parceria e esperamos que possamos nos cruzar por essas estradas da vida. Coisas que o motociclismo proporciona grandes laços de amizade aos novos amigos.

Ainda tínhamos mais 350 kms a percorrer. Tudo tranqüilo, chegamos em Uruguaiana no início da noite com o objetivo conseguido.

12 de Janeiro- Uruguaiana Porto Alegre (Loja Casa de Máquinas)- 635 Kms

Como o Jimi ainda iria para Caxias,a saída foi cedinho, pois também dormimos cedo já que o dia tinha sido longo. Passando pela nossa estrada e olhando o nosso maravilhoso pampa gaúcho reparei que também temos muito para mostrar. A estrada estava ótima com o tempo agradável e deu para ficar curtindo bem nossas paisagens. Realmente nossa terra é bonita e como é bom estar em casa.

Espero por todos por aqui meus amigos e que tenham apreciado minha nova aventura em 2 rodas por essas estradas da vida.

Fiquem com Deus e muita paz para nós.

Autor: TEIGA – Porto Alegre RS

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