Diário de Bordo

Everson, Marcão, Alípio, Bleiner e Geraldo, em Puerto Iguazu, ARG.

Internacional

Viagem à Argentina e ao Paraguai


03/02/2012 21h32

Puerto Iguazu, Posadas, Encarnacion, Assunção, Ciudad Del Este Cataratas Moto Fest/Aquilas de La Frontera/Puerto Iguazu-Argentina

Dia 5 de maio saímos de Vitória (ES), o Alípio em uma XT 600 e eu numa Fat Boy. Seguimos em direção á Bom Despacho onde encontraríamos o Everson, pernoitaríamos em sua casa e no dia seguinte seguiríamos os três, mais o Elizeu amigo do Everson, para Puerto Iguazu, Assunção e adjacências.

O dia amanheceu ensolarado e propício a uma estrada, mas como sabíamos que a menos de 30 km iniciaríamos a subida da serra na 262, estávamos devidamente agasalhados. Não deu outra, um friozinho agradável esperava-nos naquelas montanhas, caminho necessário para se atingir às gerais. Nossa primeira parada foi em Ibatiba, ainda no ES e distante 150 km da capital. Ali, depois de abastecidos, alimentados e o Alípio sacar dinheiro para as despesas da viagem pegamos outra vez o veio preto da estrada.

Para quem sempre está se deliciando com as estradas por aí não faltam amigos pelo caminho e o Alípio não foge à regra, muito pelo contrário. Já em Minas Gerais, pouco antes da cidade Manhuaçu deu sinal para a esquerda, entramos numa estradinha de terra e a menos de 100 metros paramos em um grande terreiro onde estavam secando café. Uma senhora simpática veio nos receber, principalmente ao nosso companheiro que já conhecia os moradores de longa data. Um cafezinho com queijo e biscoito não faltam em casa de mineiros e ali não foi diferente.

Seguindo em frente, deixamos a BR 262 em Rio Casca e tomamos rumo a Marina e Ouro Preto, cidades históricas mineiras. A estrada na região é uma delícia. Toda recapeada, sem um buraco e com a moto deitando à direita e à esquerda o tempo todo, graças à imensidade de curvas forçadas pelos morros e montanhas da região.

Até à BR 040, depois de Itabirito, a estrada está um tapete, mas a velocidade é limitada pelas constantes curvas fechadas. Já a BR 040 entre o trevo de Itabirito e Belo Horizonte, apesar de boa, não está 100%, e o movimento de veículos pesados cortando outros veículos é uma constante. De Belo Horizonte a Bom Despacho a estrada está ótima e tranquilamente chegamos a nosso primeiro destino. Depois das festas de chegada, um banho quente e muitas histórias, uma cama quentinha nos esperava para o sono dos justos (ou quase rssss).

Em Bom Despacho, além do Everson, o grupo foi incorporado de mais um grande motociclista, o Elizeu com uma Fazer 250 e uma infinidade de tralha para a viagem, como ferramentas de todo tipo, galão sobressalente para gasolina, kit de transmissão completo, garrafa térmica com café, farofa e uma sacoleira danada, que mais parecia um vendedor ambulante carregado de quinquilharias. Figura muito boa, além de precavida, esse tal de Elizeu!

Dia 6 estava com um frio moderado e apesar de não termos saído muito cedo uma névoa úmida que molhava a moto, a roupa e embaçava a viseira do capacete nos acompanhou por bem uns 70 quilômetros. Havia um desvio na estrada, mas as condições do desvio eram impraticáveis e tivemos que retornar e continuar pela estrada interditada passando por umas tábuas colocadas para passagem de carrinhos de mão e outros apetrechos dos trabalhadores que recuperavam uma ponte. Ainda bem que estava tudo muito firme e bem instalado. A viagem foi tranqüila até Londrina.

Alcançamos a BR 050 na cidade de Pimenta, depois de termos passado por Moema, Lagoa da Prata e Arcos, onde a neblina subiu aos céus e nos deixou com o dia límpido e poucas e esparsas nuvens. A BR 050, está um tapete em todo seu trecho, agora depois que foi adicionado de vários pedágios. Passando ao largo de Ribeirão Preto, já no estado de São Paulo, pegamos a rodovia SP 333 em direção a Sertãozinho, Jabotical, Marília, Assis e finalmente Londrina, aonde bem na chegada, encontramos, já no inicio da noite com uma turma grande de motociclistas vindo de Goiânia e que também iriam pernoitar naquela bela e grande cidade.

Depois de uma noite tranquila no hotel Galli, saímos cedo (mas nem tanto) em direção à Foz do Iguaçu e conseqüentemente Puerto Iguazu onde já estava começando o evento "Cataratas Moto Fest" e que perduraria até domingo dia 10.

Já na chegada encontramos o Marcão de Guarulhos nos esperando e com ele outros motociclistas, inclusive o Geraldo, que escreve para o Jornal Moto Cycle. E assim, um bando de desocupados motorizados seguiu em direção à fronteira. Na hora dos trâmites de imigração, o Elizeu tinha esquecido seus documentos em casa e assim, depois de muitas delongas na imigração, acabou mesmo tendo que ficar no Brasil e acampar por perto da fronteira.

No sábado, não sei como, lá estava ele no encontro trazido por um amigo que conheceu no camping, mas sem a moto e sem ter a "permission" para entrar na Argentina. Só sei que ele veio e voltou, talvez beneficiado pela "abertura" provocada pelo evento.

Muito aprazível o local do encontro que era bem no quartel do exército argentino. Muito bem organizado, mas tudo muito caro. Ficamos por ali saboreando as delícias da culinária argentina, os velhos e os novos amigos e o encontro até domingo cedo, quando então, partimos pela Argentina à fora, agora o grupo excluído do Elizeu sem lenço e sem documento e acrescentado do precavido Marcão, nosso cicerone e do Geraldo.

O Volnei de Goiânia tinha combinado de ir conosco, mas como ele é muito tranqüilo, ficou em Foz flanando mais um pouco. Chegamos à cidade de Posadas, na Argentina, ainda cedo e fomos para o Latino Hotel, indicado pelo Augusto, amigo do Marcão, não sem antes fotografarmos o belo rio Paraguai e a ponte que liga os dois países (Argentina e Paraguai). Aí então aparece o Volnei que sozinho pelas estradas veio nos encontrar para continuar conosco a passeio. Agora éramos seis. O Alípio que tinha se desgarrado do grupo na estrada, por aqueles desencontros comuns em grupos heterogêneos, logo apareceu também, mas não antes de termos ido à polícia local para, se fosse localizado, encaminhá-lo ao hotel onde estávamos, já que não sabíamos o que poderia ter acontecido com ele.

Segundo o amigo do Marcão o hotel era barato, mas, apesar de super simples, seu preço era de hotel de luxo. rsssssss. Tiramos fotografias da cidade, pegamos uma pizza que era uma delícia e com, pelo menos, uns 8 cm de altura em um “point” lotadas de belas argentinas, com destaque especial para a garçonete que além de atenciosa era linda e então, depois de uma caminhada, meio que perdidos na noite, fomos dormir o sono dos justos, apesar de não tão justos assim.

Dia seguinte nós seis, sem pressa, saímos em direção ao Paraguai, entrando por Encarnacion. Na ponte a fila de sempre para pegar um papelzinho autorizando entrar no país.

A estrada de Encarnacion para Assuncion está um beleza, não tem um buraco que caiba uma moeda, apesar da pista simples. Fomos parados os seis pela polícia paraguaia, logo depois de um pedágio, apresentamos os documentos, conversamos um pouco e seguimos viagem, chegando em Assuncion por volta das sete da noite.

Ficamos alojados no hotel Império, indicado pelo proprietário de um posto na estrada, onde tínhamos abastecidos as motos e que tinha onde guardar as motos com segurança.

Como o Geraldo tinha compromisso em Foz e o Everson compromisso (não me perguntem o que. rsssss) com o Geraldo, o grupo se dividiu em dois de três personagens e ficamos então, o Alípio, Volnei e eu na terça feira em Assuncion para conhecer um pouco da cidade.

Na terça pela manhã o grupo compromissado saiu em direção a Foz e nós fomos bater perna pelo centro da cidade onde havia uma manifestação de sem terra querendo o que não compraram, nem fizeram força para adquirir. Ficamos o dia inteiro por conta da cidade onde o Alípio e o Volnei tentaram, sem sucesso, sacar dinheiro em seus bancos. Como não tinham feito liberação internacional para seus cartões, não conseguiram nada e nossa intenção de pegar estrada em direção à Ponta Porá, saindo por Pedro Juan Caballero ficou frustrada, já que os guaranis disponíveis dos dois eram insuficientes.

Então depois de uma noitada pela cidade, quarta lá, pelas 10 horas da manhã, pegamos estrada de volta para Foz. Tínhamos pensado em ir para Pedro Juan caballero já que informações seguras davam conta de um asfalto novo e excelente de Assuncion até lá. Outra opção também seria sair por Salto del Guaira, também com asfalto novo e em excelentes condições. Mas o imbróglio do Alípio e do Vonei nos bancos, não conseguindo sacar dinheiro com o cartão normal impediu essa excelente opção de passeio por uma região, pelo que eu saiba, ninguém destas nossas bandas ainda se aventurou. Eu já sabia que não iam conseguir sacar, mas teimoso é teimoso e enquanto não quebra a cara não dá o braço a torcer. Rssss

A viagem para Ciudad del Este foi tranqüila e sem sermos molestados ou parados uma vez sequer na estrada. O único fato ocorrido foi que o Alípio escorregou com a moto no asfalto molhado e sujo com poeira molhada de barro vermelho e comprou um belo pedaço de terras paraguaias. O segundo, porque lá em Puerto Iguazu já havia deixado a moto cair numa rua de barro da cidade.

Nosso almoço foi numa churrascaria de um brasileiro a uns 50 km antes da fronteira. Além do bom atendimento, o papo com o proprietário foi muito bom. Ciudad del Este estava um inferno quando chegamos, a fila para passar pela imigração e alfândega era fenomenal e de tanto usar embreagem aqui, embreagem ali, pifou a embreagem da XT do Alípio.

Como dizem que macaco velho não dome de toca, segui a fila de motos e passei direto sem ir à imigração para dar saída na permission, somente o fazendo no dia seguinte após retorno à capital da muamba para umas comprinhas básicas, com tranqüilidade e sossego, sem os atropelos do dia anterior.

Com a moto pifada no meio da ponte, durante mais de uma hora, fiquei esperando, enquanto os, além de dar uma solução para a moto, faziam suas saídas imigratórias.

Graças à atenção de um moto-taxista, o Alípio levou neste mesmo dia a moto para uma oficina mecânica, o Darci Motos, que se prontificou a providenciar os devidos consertos e ajustes no dia seguinte, para então, continuarmos com tranqüilidade nossa viagem de volta.

A noite do dia 13 para 14 foi chuvosa, não parou um instante sequer e continuou pela quinta-feira à fora, somente amainando um pouco pela parte da tarde. Nessa quinta era feriado em Ciudad Del Este e ficamos de molho esperando o conserto da moto e que a chuva amainasse um pouco.

Assim, na sexta-feira fomos ao Paraguai para umas compras básicas e finais, almoçamos em Foz e lá pelas 14: 00 horas tomamos rumo de Londrina. Como a moto com embreagem nova estava se desregulando pelo ajuste dos discos e peças, chegamos apenas em Maringá, onde dormimos

Em Maringá à noite, saímos para um lanche e tivemos o prazer de encontrar dois motociclistas que estavam com a família na lanchonete, o James Marlon do Moto Clube Maringá e o Masaharu Akimoto que nos presentearam com um bom, salutar e descontraído papo.

Pela manhã o Alípio levou a moto dele na Yamaha para alguns ajustes e troca de lâmpada do farol e lente da sinaleira esquerda e onde fomos agraciados com uma recepção para motociclistas onde o ponto forte era um baita lanche.

A partir dali o Vonei tomou rumo a Presidente Prudente, São José do Rio Preto, Triângulo Mineiro e Goiânia e nós, o Alípio e eu em direção à Londrina, Ourinhos, Castelo Branco, São Paulo até Taubaté onde pernoitamos.

Dia seguinte, já era domingo e saímos lá pelas 7:30 em direção às nossas casas, em Vila Velha e Vitória, somente parando para os abastecimentos, lanches e banheiros.

Em Iconha, já no Espírito Santo, a 90 km de casa, o Alípio apertado para ir ao banheiro fez uma parada e eu, como queria chegar a tempo de participar da festinha de aniversário de dois netos, o Felipe e a Maria Luiza, segui em frente e lá pelas 7:30 da noite estava em casa tomando banho e em seguida indo participar da festinha.

Assim foi um belo passeio, com ótimos amigos, ótimas estradas, muito riso, muito papo gostoso, alguns desencontros e pequenas impropriedades. Mas sem fato não há caso e a vida é uma constante fonte de conhecimento e aquisição de experiências. E esta viagem foi ótima em todos os sentidos, inclusive quanto as coisas pareciam que iriam provocar estresses e mal-entendidos.

Que Deus nos proteja sempre, como nos protegeu nesta viagem e em tantas outras por esse mundão de Deus afora.

Autor: Bleiner

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