Harley Davidson, Bebeu água

A americana Harley-Davidson completou 110 anos de existência de olho no futuro. Apresentou no Salão de Milão, Itália, no início do mês, uma plataforma de motocicletas totalmente nova, depois de um longo intervalo de 13 anos, composta pelos modelos para uso diário, batizados de Street, com motorização de 500cm³ e 750cm³ de cilindrada. Para completar a guinada, as novas motos, destinadas a um público mais jovem e urbano, são refrigeradas a água. Os novos modelos, considerados pequenos para os padrões Harley-Davidson, que produz verdadeiras naves, diversificam sua linha e representam uma abertura radical de conceitos e novos mercados.

As novas motocicletas compartilham a base mecânica, além do visual, nitidamente inspirado na “esportiva� V-Rod 1200, que também conta com refrigeração líquida, desenvolvida em parceria com a alemã Porsche. As “pequenas� V-Rod, entretanto, conservaram uma das maiores tradições da Harley-Davidson. O motor com dois cilindros em V, inclinado em 60 graus, inclui aletas para manter a aparência dos tradicionais refrigerados a ar. O grande radiador tenta ficar camuflado entre o quadro. O propulsor tem comando simples e quatro válvulas por cilindro, mas a potência, como praxe na marca, não foi revelada.

ORIENTE Totalmente novo, o motor foi batizado de Evolution X e as diferenças entre a Street 500, com 494cm³, e a 750, com 749cm³, são apenas ajustes de curso dos pistãos. Outra demonstração de que os tempos mudaram está nos locais de produção. Os novos modelos populares vão ser fabricados na �ndia, na planta de Bawal, para atender os mercados asiáticos e exportação e na cidade de Kansas, no estado de Missouri, nos Estados Unidos, para concorrer com os modelos japoneses do segmento, dentro de seu próprio território. As novas motos vão ser comercializadas também no Brasil, que já tem fábrica em Manaus, embora ainda sem datas e preços definidos.

As exigências ambientais, cada vez mais severas, estão encurralando os motores com refrigeração a ar, com menor eficiência energética e que equipam grande parte da linha clássica da Harley-Davidson. Dessa forma, a fabricante vai atualizando seus modelos, incluindo a gigante estradeira Electra Glide Ultra Limited 1800, que também ganhou motor refrigerado a água, dentro de um grande projeto de modernização, batizado de Rushmore. A marca agora ataca na outra ponta, com os motores menores, para uso no dia a dia, com as novas Street 500 e 750, que vão chegar ao mercado no segundo trimestre de 2014.

VISUAL As Street 500 e 750 chegam com identidade visual do tipo dark (negro). Nada de cromados em profusão, como em modelos tradicionais da marca, substituídos por pintura negra, que cobre o longo escapamento do tipo dois em um e todo o motor. A pintura cobre também os espelhos retrovisores, guidão, suspensão dianteira, minicarenagem e rabeta. Um figurino para agradar ao consumidor menos tradicionalista, que não quer conexão com modelos mais clássicos da marca. Nesse sentido, a maneabilidade também foi esquecida. O quadro, de tubos de aço, é mais compacto e proporciona agilidade para utilização constante nas cidades. Entretanto, a Harley-Davidson garante que o inimitável som do motor vai ser mantido.

As rodas de liga leve também receberam pintura negra e têm aro de 17 polegadas na dianteira, medida que confere mais agilidade nas mudanças de direção, enquanto a traseira o aro é de 15 polegadas de diâmetro. A suspensão dianteira é telescópica convencional, enquanto a suspensão traseira conta com duplo amortecimento. Os freios são a disco ventilados nas duas rodas e o câmbio tem seis marchas. Para completar o marketing tipicamente americano de lançamento, o herói ianque Capitão América vai usar a moto nas peripécias de seu novo filme, mostrando todas suas qualidades, coincidentemente quando os modelos estiverem nas vitrines.