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Relembrando velhos tempos, as lendárias motos do passado
Honda
O motociclismo nos anos 1970 era bem diferente do que é hoje, muito mais voltado para o lazer do que para o transporte ou trabalho. O termo “motoboy”, assim como a profissão, não existia. A maior parte das motos que se viam nas ruas eram de apaixonados, gente que a cada parada no semáforo se cumprimentava com um aceno de cabeça (sem capacete!) ou uma buzinadinha. E uma significativa parte das motos era de alta cilindrada.
Nesse panorama o sonho de consumo máximo era a CB 750 Four, modelo que por causa de uma inesperada “canetada” do Presidente de então, o General Ernesto Geisel, virou uma espécie de bibelô, algo a ser tratado com um enorme cuidado.
A razão? A total proibição da importação de motos e automóveis. De um dia para outro, quem tinha uma grande moto, tinha, quem não, deveria se contentar com uma usada ou uma pequena CG 125, que naquele mesmo ano começara a ser fabricada em Manaus.
A indisponibilidade de novos modelos fez os preços das motos grandes disparar. Nas “picos” da época, o Postinho no Rio de Janeiro ou o Rick Store em São Paulo, o clima do “e agora?” nas rodinhas de motociclistas se instalou. Quase um velório...
Tal situação foi soprada com força para longe quando, no finalzinho de 1979, a chegada da Honda CB400 foi anunciada. A primeira motocicleta nacional de alta (para a época!) cilindrada.
As concessionárias Honda se depararam com uma realidade inesperada – filas na porta, listas de prioridade – e os consumidores com um esperado sobre preço, o tal do ágio. Todos queriam a CB400, um motáço.
Motor bicilíndrico, comando no cabeçote, três válvulas por cilindro, 40 cv de potência e 170 km/h de velocidade máxima. O design moderno, muito moderno, onde se destacavam as inovadoras rodas Comstar, miolo de aço estampado, aro de alumínio. Lindas! E o que dizer do conforto, do amplo assento, do tanque imponente? Apesar de ser “apenas” uma 400, os quase cinco anos da seca imposta aos motociclistas das grandes motos fizeram deste lançamento um sucesso estrondoso, um presente de Papai Noel para os órfãos de motos grandes.
A Honda CB 400 fez bem mais do que apenas tapar um buraco no mercado, e de atender a uma demanda fortemente reprimida por causa da proibição das importações: ela incentivou a sede por motocicleta. Pois só de ver uma CB 400 estacionada na rua, sua insólita modernidade e excepcional padrão de design e acabamento fazia com que as pessoas, mesmo sem ter $$$ para comprar uma, incluíssem a moto na sua lista de desejos. E, não por acaso, de 1979 para 1980 a venda de motos no Brasil praticamente duplicou.
Nos anos seguintes, a CB 400 ganhou versões como a CB 400 II (mais luxuosa e com dois discos na dianteira) e upgrade de potência, o aumento do motor para 450 cc, em 1983. Quase quarenta anos depois de seu lançamento, a CB 400 é um ícone merecidamente admirado por todos os fãs de motos. A primeira superbike made in Manaus.
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