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Já que temos que ficar em casa, que tal discutirmos a relação?

Corrente, correia ou cardã: conheça as características, as vantagens e as desvantagens dos três tipo de transmissão


Roberto Dutra

Samuel Pimenta / Você e sua Moto - Luis Sucupira / Motos:Guia para o Motociclista Principiante

23/04/2020 20h22

Nem sempre discutir a relação é algo necessariamente ruim ou desagradável. E se estamos falando de nossas motocicletas, aí o assunto fica até divertido. Nelas, a relação é o nome genérico que se dá ao conjunto de peças que leva o movimento do motor à roda e, por tabela, faz a motoca andar. Esse conjunto pode ser composto por corrente, coroa e pinhão; por correia, coroa e pinhão; ou por eixo cardã.

Corrente

É o sistema mais comum, usado em provavelmente 90% das motos. Na saída do motor e na roda vão duas engrenagens dentadas - o pinhão na frente e a coroa atrás -, normalmente fabricadas em aço (outros materiais mais nobres, como alumínio e titânio, são eventualmente usados em competições). Ligando essas duas engrenagens, está a corrente. Ela usualmente é composta por elos também feitos em aço, unidos por pinos, com ou sem retentores ou emenda. Aquelas com retentores costumam segurar por mais tempo os elementos lubrificantes.

As vantagens da transmissão por corrente são a resistência ao uso severo, a facilidade de compra (por ser a mais popular, é a mais fácil de achar), a diversidade de marcas e modelos e, devido a essa variedade, o custo proporcionalmente mais baixo que o da transmissão por correia - muito embora, vale destacar, isso às vezes exija um cálculo: é fato que os kits com correia custam o dobro ou o triplo, mas também podem durar duas ou três vezes mais, empatando o jogo.

A manutenção da relação por corrente é chatinha, mas relativamente fácil: as peças devem, com frequência proporcional ao uso, ser lavadas e lubrificadas, e a corrente deve ser lubrificada com um produto adequado. Não fazer isso é simplesmente reduzir a durabilidade do conjunto, independentemente de sua qualidade. E quando precisar trocar não faça economia burra: substitua o conjunto completo!

As desvantagens desse sistema são justamente a necessidade de inspeção e manutenção constantes, o nível de ruído que eventualmente pode incomodar e a sujeira que às vezes gera, com restos de óleo ou graxa espalhados pela moto e pelas roupas. A durabilidade varia de acordo com a moto, a qualidade das peças e a mão do piloto, mas costuma ser de 20 mil a 40 mil quilômetros, em média, para kits originais de boa qualidade sob uso civilizado.

Correia

A transmissão por correia é bastante similar à por corrente - polias substituem o pinhão e a coroa e uma correia de borracha larga e com dentes bem marcados entra no lugar da corrente. A fabricação das polias e das correias é mais complexa e cara que a de coroas, pinhões e correntes e, por isso, esses conjuntos custam mais caro (mesmo quando comprados separadamente).

As correias têm não só borracha, que lhes dá a necessária elasticidade, mas também uma malha interna de aço, que lhes proporciona resistência. Frequentemente materiais como fibra de vidro, aramida e kevlar entram na mistura, também. O resultado são conjuntos que chegam a rodar 100 mil quilômetros sem pedir troca. O custo pode ser alto (mais uma vez, faça as contas), mas as correias de borracha têm essa virtude da durabilidade e outros atrativos interessantes: emitem baixo nível de ruído, quase não sujam a moto nem o piloto e praticamente dispensam manutenção - aqui não é preciso ficar limpando ou lubrificando.

Claro que há um desgaste natural da borracha, e por isso vale a pena limpar o conjunto e até dar uma "hidratada" na correia de vez em quando, mas essas ações certamente precisarão ser feitas em intervalos muito maiores do que nas transmissões com pinhão, coroa e corrente. Quando fazer isso? Consulte o manual da sua moto ou uma concessionária da marca da sua moto, pois podem haver variações de acordo com marcas e modelos.

Aliás, as correias de borracha devem ser trocadas exatamente no prazo estipulado pelos fabricantes - seu rompimento com a moto em movimento pode causar um acidente grave ou, na melhor das hipóteses, deixar o motociclista a pé (não há como emendar, o que eventualmente é feito nas correntes).

As correias não são muito compatíveis com o trabalho em altíssimas rotações, por isso não costumam ser empregadas em motos esportivas ou em competições - pode ocorrer um aquecimento excessivo nestas condições. Por outro lado, são muito adequadas a motos com muito torque e nem tanta potência - vide o caso das Harley-Davidson - e fazem parte do conjunto de transmissão de todo scooter, no qual interligam dois eixos cônicos móveis.

Eixo cardã

Apesar de ser extremamente prático, o eixo cardã não é tão popular nas motocicletas principalmente devido ao volume e ao peso que agrega ao veiculo - por isso que é mais usado em automóveis, ônibus e caminhões. Além disso, implica em uma necessária mudança na direção do eixo de saída do motor - nas motos com relação por corrente ou correia, o eixo de saída é transversal ao chassi e, com cardã, precisa ser em sentido longitudinal (sabe aquela "puxadinha" para a direita que vemos em certas motos com cardã, principalmente quando paradas? É o chamado efeito torque).

Bem, basicamente a transmissão por cardã tem engrenagens satélite (helicoidais) nas pontas e, entre elas, "luvas" na saída da caixa e na entrada do diferencial traseiro e uma cruzeta, que permitirá o giro do conjunto simultaneamente ao movimento de sobe e desce da balança traseira.

Todo o sistema - ou parte dele, dependendo do modelo - fica imerso em óleo lubrificante, como em um cárter. Por isso, essas transmissões têm vantagens inquestionáveis: enorme durabilidade (em teoria, por toda a vida útil da moto), reduzida necessidade de manutenção (geralmente apenas trocas de óleo em intervalos bem longos), sujeira quase zero e nível de ruído bem aceitável.

Os cardãs exibem boa eficiência na transmissão de torque, mas o volume e o peso não os tornam indicados para motos de altíssimo desempenho como superbikes, ou modelos voltados para o off-road pesado.

O custo de produção também é alto e, por isso, o sistema só e visto em motos de média e alta cilindrada. E como nada é perfeito, frequentemente pode ser um embaço na hora de consertar ou trocar o pneu traseiro, ao exigir a desmontagem de balança, espelho do cubo e outras peças - e uma posterior montagem inadequada poderá acarretar danos sérios nos dentes das engrenagens (cujo custo de reposição sempre será altíssimo). Ressalva deve ser feita às motos com balança monobraço, nas quais estes serviços são tão fáceis e seguros como em um carro.

Em resumo, cada sistema de transmissão tem sua aplicação mais indicada, suas vantagens e suas desvantagens. Mas todos exigem o mesmo do proprietário da moto, assim como outros componentes: atenção e cuidado no uso, e manutenção conforme indicações do manual.

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