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A "campanha" que roda no Facebook: não acredite em tudo o que você lê

Os riscos que o mundo virtual traz para o mundo real

Uma "campanha" equivocada gera mais problemas do que soluções


Roberto Dutra

13/01/2020 19h10

De tempos em tempos, a história se repete na internet: um meme ou vídeo é postado, repostado, circula, viraliza, é compartilhado e, em poucos dias, some. Passam-se semanas, meses e, às vezes, até anos. E de repente lá vem ele de novo. O mesmo acontece com notícias e "campanhas" - assim mesmo, entre aspas.

Esta semana começou com um caso desses, que interessa especialmente aos motociclistas. É um post que roda no Facebook vez por outra, com uma foto mostrando alguns motociclistas em um pedágio subscrita por um texto que convoca os usuários de motos a participar de uma "campanha" contra os pedágios. Participar como? Ah, compartilhando o post.

Série de erros

Ainda que, lá em sua origem, esse post tenha nascido de alguma boa intenção, está repleto de imprecisões. Vamos por partes:

Para começar, essa "campanha" não existe. É apenas um post que roda o Facebook, sem origem e sem autor. É o que chamamos de texto apócrifo.

Seu texto alega que motos não gastam o asfalto. Mas elas gastam, sim. Muito menos do que os carros e os veículos pesados, claro, mas gastam. E em caso de acidente, causam danos, também.

O post também diz que o IPVA das motos é mais caro que os dos carros. O que é mais caro é o seguro obrigatório DPVAT - o valor do IPVA varia de acordo com veículo, modelo e ano. Isso também mostra que a publicação foi feita sem o menor cuidado com as informações que divulga.

Por fim, incentiva os motociclistas a adotar, nos pedágios, procedimentos intencionalmente lentos, com o propósito de gerar filas e insatisfação generalizadas. A intenção seria prejudicar a concessionária que opera o pedágio no local, e levar a opinião pública a apoiar a ideia de que "motos não devem pagar pedágio".

É um tremendo equívoco. Motociclistas pagam pedágio não só para ter estradas em bom estado de conservação, mas também para dispor de socorro em caso de enguiços ou acidentes - ocorrências nas quais ficam muito mais vulneráveis do que os usuários dos outros veículos.

Sem privilégios

Além disso, ficar parado no pedágio mais tempo que o necessário aumenta, isso sim, o risco de acidentes - já viram os vídeos de carros e caminhões atropelando motos no pedágio? Estão lá no youtube, para quem quiser entender como é.

Outro aspecto da questão é que seria injusto impor o pagamento do pedágio somente aos outros veículos. Ou é para todos ou é para ninguém: os "privilégios" assolam este país e não se pode achar que são ruins quando beneficiam os outros e bons quando beneficiam a nós, motociclistas. Tem que ser tudo igual para todos.

Vale lembrar que existem algumas concessionárias de rodovias que não cobram pedágio de motociclistas. Mas isso é uma opção delas - é um cálculo matemático, e não uma gentileza.

Por fim, agir desta forma irresponsável nos pedágios prejudica muita gente, mas não aqueles que se pretende. Quem está na cabine recebendo é um empregado, um trabalhador como eu e você, e não faz diferença para ele se o motociclista demora 2 ou 10 minutos e se pagará com moedas ou uma nota de R$ 100. Ele está ali para isso e sempre terá tempo e troco.

Já as pessoas que estão nos outros veículos - carros, ônibus e caminhões - não têm qualquer culpa pela existência dos pedágios, justos ou injustos, baratos ou caros, e dos impostos altos que nos infligem uma espécie de bitributação. Nessa turma, a operação-tartaruga só vai gerar antipatia pelos motociclistas. Aqueles que podem ter alguma "culpa" andam de avião, helicóptero e/ou carro oficial, e não pagam nada. E não estão nem aí para sua lerdeza estratégica.

O que vale é o bom senso

Quer protestar contra o pedágio? É válido, pertinente e o caro motociclista estará coberto de razão. Mas não o faça compartilhando bobagens nas redes sociais. Isso não adianta nada. Se quer ficar só no mundo virtual, ok - mas bole um texto bacana, com argumentos inteligentes, que faça as pessoas pensarem e não apenas se revoltarem. E, claro, pesquise antes sobre o assunto.

No mundo real, proteste contra o pedágio para todos, não só para motos. Exija cabines exclusivas para motos, para não escorregar no óleo. Exija tarifas coerentes com a qualidade da estrada, pois há muitas rodovias pedagiadas que continuam ruins. Exija o fim de tarifas que mudam nos fins de semana. Exija guard-rails que não tenham a ação de lâminas. Exija faixas que fiquem menos escorregadias quando molhadas pela chuva. Exija sinalização específica para motociclistas, coisa que poucas rodovias pedagiadas têm.

Faça "motociatas", abaixo-assinados, bote faixas em lugares visíveis, panflete, peça reuniões com a administração da rodovia pedagiada que não lhe agrada. Vá ao Ministério Público. Mas não atrapalhe a vida dos outros. Boas estradas!

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